Lattes

sábado, 6 de dezembro de 2014

Nas tardes da fazenda, para coro misto a cappella, poema de Vinicius de Morais. Coral Harte Vocal/ Solange Pinto Mendonça. Bienal do Rio/2005

Nas tardes da fazenda, para coro misto a cappella
Coral Harte Vocal. Regente: Solange Pinto Mendonça. Bienal do Rio, 2005.

Soneto de Intimidade
Vinicius de Moraes
Nas tardes da fazenda há muito azul demais.
Eu saio às vezes, sigo pelo pasto, agora
Mastigando um capim, o peito nu de fora
No pijama irreal de há três anos atrás.
Desço o rio no vau dos pequenos canais
Para ir beber na fonte a água fria e sonora
E se encontro no mato o rubro de uma amora
Vou cuspindo-lhe o sangue em tomo dos currais.
Fico ali respirando o cheiro bom do estrume
Entre as vacas e os bois que me olham sem ciúme
E quando por acaso uma mijada ferve
Seguida de um olhar não sem malícia e verve
Nós todos, animais, sem comoção nenhuma
Mijamos em comum numa festa de espuma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário